súplica de um burro ao dono

quinta-feira, junho 27, 2013


"Senhor meu dono,

Permite-me esta súplica...
Rogo-te que, depois do trabalho e das fadigas do dia,
me recolhas a uma cavalariça que seja apropriada e
limpa.
Cuida de alimentar-me convenientemente: dá-me água
para mitigar a sede, pois não posso dizer quando estou
sequioso ou quando me sinto enfermo. Se atenderes a
estas minhas necessidades, terei, então mais forças
para te servir, com mais utilidade.
Quando eu recusar comer a minha ração, manda examinar
os meus dentes. Não permitas que me cortem a cauda,
pois ela é a minha única defesa contra as moscas e
outros insetos, cujas picadas me atormentam.
No decurso do trabalho fala comigo: a tua voz é para
mim mais eficaz do que o chicote. Acaricia-me e
ensina-me a trabalhar de boa vontade, não me fadigues
em demasia nas subidas nem me refreies muito nas
descidas.
Não me carregues excessivamente. Sirvo-te de muito boa vontade até onde alcançam as minhas forças. Não te esqueças de que estou exposto a morrer no teu serviço
a qualquer momento. Enquanto viver, trata-me com a
consideração devida a um servo fiel. Se eu não compreender logo, não te desesperes nem me castigues.
É provável que a culpa não seja minha. Examina as minhas rédeas: pode ser que estejam torcidas ou trocadas, deixando por isso, de transmitir corretamente as tuas ordens. Examina as minhas ferraduras a ver se me magoam.
Dono querido! Quando a idade me tenha enfraquecido e
debilitado, e a invalidez me tenha atingido, sê o meu
juiz, e se for necessário, mata-me tu mesmo para que
os meus sofrimentos sejam menos dolorosos.
Sobre tudo, quando cessar a minha utilidade, não me
condenes aos tormentos das touradas. Perdoa-me o ter
te tomado o tempo com esta minha súplica que, espero,
não olvidarás, pois fá-la respeitosamente, como servo
fiel,
Teu Burro".

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