Quem matou o Amor?

quarta-feira, setembro 03, 2008



Houve uma vez, na história do mundo, um dia terrível, em que o Ódio - o rei dos maus sentimentos, dos defeitos e das más virtudes - convocou uma reunião com todos os seus súditos. Todos os sentimentos escuros do mundo e os desejos mais perversos do coração humano chegaram a essa reunião com muita curiosidade, porque queriam saber qual o motivo de tanta urgência. Quando todos já estavam presentes, falou o Ódio: - Os reuni aqui porque desejo com todas as minhas forças matar alguém! Ninguém estranhou muito, pois era o Ódio quem estava falando e ele sempre queria matar alguém, mas perguntaram-se quem seria tão difícil de matar que o Ódio necessitaria da ajuda de todos. - Quero matar o Amor - disse o Ódio. Muitos sorriram com maldade, pois mais de um ali tinha a mesma vontade. O primeiro voluntário foi o Mau Caráter: - Eu irei e podem ter certeza que em um ano o Amor terá morrido. Provocarei tal discórdia e raiva que ele não vai suportar. Depois de um ano se reuniram outra vez e, ao escutar o relato de Mau Caráter, ficaram decepcionados: - Eu sinto muito. Bem que tentei de tudo, mas cada vez que eu semeava discórdia, o Amor superava e seguia seu caminho. Foi então que muito rapidamente ofereceu-se a Ambição para executar a tarefa. Fazendo alarde de seu poder, disse: - Já que Mau Caráter fracassou, irei eu. Desviarei a atenção do Amor com o desejo por riqueza e pelo poder. Isso ele nunca irá ignorar. E começou, então, a Ambição o ataque contra a sua vítima. Efetivamente, o Amor caiu ferido. Mas, depois de lutar arduamente, curou-se: renunciou a todo desejo exagerado de poder e triunfo. Furioso com o novo fracasso, o Ódio enviou os Ciúmes. Estes bufões perversos inventaram todo tipo de artimanhas e situações para confundir o Amor. Machucaram-no com dúvidas e suspeitas infundadas. Porém, mesmo confuso, o Amor chorou e pensou que não queria morrer. Com valentia e força se impôs sobre eles e os venceu. Ano após ano, o Ódio seguiu em sua luta, enviando a Frieza, o Egoísmo, a Indiferença, a Pobreza, a Enfermidade e muitos outros. Todos fracassavam sempre. O Ódio, convencido de que o Amor era invencível, disse isso aos demais: - Nada podemos fazer. O Amor suportou tudo. Levamos muitos anos insistindo e não conseguimos. De repente, de um cantinho do auditório, se levantou um sentimento pouco conhecido e que se vestia todo de preto. Com um chapéu gigante, ele mantinha o rosto encoberto. Seu aspecto era fúnebre como o da morte. - Eu matarei o Amor, disse com segurança. Todos se perguntavam quem seria esse pretensioso que, sozinho, pretendia fazer o que nenhum deles havia conseguido. O Ódio ordenou: - Vá e faça! Havia passado pouco tempo quando o Ódio voltou a convocar a todos para comunicar que finalmente o Amor havia morrido. Todos estavam felizes mas também surpresos. E o sentimento do chapéu preto falou: - Aqui eu entrego a vocês o Amor, totalmente morto e esquartejado. E sem dizer mais palavra, encaminhou-se para a saída. - Espera! - determinou o Ódio, dizendo: em tão pouco tempo você o eliminou completamente, deixando-o desesperado e, por isso mesmo, ele não fez o menor esforço para viver! Quem é você afinal? O sentimento, pela primeira vez, levantou seu horrível rosto e disse: - Sou a Rotina...

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